Última alteração: 2017-09-27
Resumo
O desenvolvimento de novas drogas e a sofisticação no atendimento de pacientes criticamente enfermos, ocorridas nas últimas décadas, propiciaram o desenvolvimento de todas as áreas do cuidado da saúde, modificando o perfil das doenças e dos pacientes (Valadares; Mota; Oliveira, 2013).
O foco crescente na melhora do cuidado no fim da vida inclui a prevenção do sofrimento, tornando precoce e facilitando as decisões quanto à adequação do tratamento e favorecendo a comunicação com os pacientes e seus familiares (Silvester; Detering, 2011).
O câncer de mama é a segunda causa de morte por câncer nos países desenvolvidos (atrás do câncer de pulmão) e a maior causa de morte por câncer nos países em desenvolvimento. Apesar de ser considerado um câncer relativamente de bom prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil (14 óbitos a cada 100 mil mulheres em 2013) (INCA, 2016).
Urban (2009, p. 82) afirma que “Poucas doenças agregam tanta complexidade do ponto de vista científico, psicológico, terapêutico, ético e social como o câncer de mama”. Saber quando é hora de passar do processo curativo/prolongamento da vida para abordagens mais paliativas, baseadas na qualidade de vida e conforto, é emocional e clinicamente desafiador para pacientes, familiares/cuidadores e profissionais da saúde.
Assim, permanecem questões sobre habilidades de comunicação e quais informações devem ser dadas e como. A equipe dos profissionais de saúde pode ajudar os pacientes a decidir quais tratamentos são apropriados, explicando todas as opções de cuidados curativos e paliativos, fornecendo informações prognósticas de forma clara, honesta e oportuna, respeitando o contexto familiar, espiritual e cultural e as escolhas dos pacientes.
Nos casos de pacientes terminais, o cuidado paliativo é sempre devido. Não objetiva curar, uma vez que não há mais perspectiva de cura, e sim promover o conforto sem interferir na evolução da doença (Villas-Bôas, 2008).
De acordo com Villas-Bôas (2008) e Vincent (2004), continuar um tratamento considerado fútil e doloroso é contra todos os princípios fundamentais da ética médica, a saber: beneficência, pois não provê benefício ao paciente; não-maleficência, uma vez que pode causar sofrimento e prejuízo ao paciente; justiça, pois exige custos, tempo e energia que poderiam ser mais bem usados em outros pacientes; autonomia, já que ninguém quer receber uma terapia fútil que simplesmente prolonga por horas ou dias a morte inevitável, sem aumentar a qualidade de vida. Logo, nem tudo que é tecnicamente possível é eticamente correto.
A Bioética “pode ser definida como o estudo sistemático das dimensões morais das ciências da vida e dos cuidados em saúde, que emprega uma variedade de metodologias éticas em um ambiente interdisciplinar” e “se preocupa em analisar os argumentos morais a favor e contra determinadas práticas humanas que afetam a qualidade de vida e o bem estar dos humanos [...]” (Rego, Palácios, Siqueira-Batista, 2009, p.32).
Assim, a pesquisa tem o seguinte objetivo: Analisar os conflitos morais e éticos que estão relacionados aos pacientes com câncer de mama submetidos aos Cuidados Paliativos à luz da Bioética principialista.
A metodologia consiste de revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa e caráter descritivo, no que diz respeito a pacientes com câncer de mama submetidos aos Cuidados Paliativos.
Durante o processo de formação, os profissionais de saúde aprendem muito sobre tecnologia de ponta e como salvar vidas, mas muito pouco sobre a morte. Assim, eles encontram-se despreparados para lidar com tais situações e condições (Vane; Posso, 2011). Portanto, a pesquisa é relevante pois busca avaliar se a autonomia dos pacientes com câncer de mama está sendo respeitada nas diretrizes do tratamento nos Cuidados Paliativos e se as questões de Bioética estão sendo observadas.
Palavras-chave: Câncer de Mama; Cuidados Paliativos; Bioética
REFERÊNCIAS
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