Última alteração: 2017-10-18
Resumo
MEDINFOR IV - A Medicina na Era da Informação - Informação em Saúde e Sociedade
RESUMO
“Todos aspiramos a uma vida longa, feliz e saudável e os cientistas fazem o seu melhor para torná-la possível”. É desta forma que a Comissão Europeia se refere à área da Saúde e Bem-estar das populações, no âmbito do Horizonte 2020 – Programa-Quadro Comunitário de Investigação & Inovação.
A Saúde é, de facto, uma das mais relevantes preocupações da sociedade pós-moderna, tendo-se tornado numa das áreas de ação prioritárias da União Europeia. O Horizonte 2020 tem um orçamento global superior a 77 mil milhões de euros para o período 2014-2020, sendo o maior instrumento da Comunidade Europeia orientado para o apoio à investigação. Desse financiamento global, cerca de 10% - 7 mil milhões - está afeto à área da Saúde, nomeadamente ao desafio societal intitulado “Health, demographic change and well-being”.
Desta forma, a saúde e o bem-estar das populações assumem especial relevância a nível europeu. Entende-se que “o investimento em investigação e inovação na área da saúde vai ajudar-nos a permanecer ativos, a desenvolver novos tratamentos médicos mais eficazes e seguros, a conservar a saúde e a assegurar a viabilidade dos sistemas de saúde. Dará aos médicos os instrumentos de que necessitam para uma medicina mais personalizada e melhorará a prevenção e o tratamento de doenças crónicas e infeciosas” (Horizon2020, 2014).
Do ponto de vista do Jornalismo, percebemos que desde os anos 80 do século passado que existe a consciência de que os media são o principal veículo de informação sobre saúde e investigação médica para o público e para os próprios profissionais de Saúde.
Por exemplo: no Reino Unido, a medicalização das notícias é um fenómeno cimentado, como atesta o número médio de redatores para as áreas da Medicina e Saúde em cada redação (Weitkamp, 2003). Mais a Sul, Gonzalo Casino Rubio (2015) alega que notícias sobre Medicina constituem um segmento noticioso importante, representando 11% de toda a informação veiculada pela imprensa generalista espanhola. Em Portugal, dados de Lopes et al. (2014) revelam que a Saúde na sua vertente científica poderá corresponder a mais de 10% dos conteúdos informativos.
Não restam dúvidas, portanto, da relevância sociopolítica e mediática da área da saúde. O que falta saber é se as duas esferas – políticas europeias de promoção e financiamento da investigação científica e jornalismo – estarão alinhadas. A Comissão Europeia reconhece o papel da Comunicação e do Jornalismo na prossecução dos objetivos do Horizonte2020, como atesta a obrigatoriedade de os projetos beneficiários dos avultados financiamentos apresentarem, logo no momento da candidatura, planos de comunicação e de disseminação e de os outputs mediáticos serem devidamente valorizados.
Neste âmbito, através de uma análise de conteúdo, pretendemos verificar se existe correspondência entre as áreas científicas eleitas pela CE como prioritárias e as temáticas de investigação mais frequentes no noticiário sobre investigação médico-científica, em Portugal. Com este objetivo, propomos avaliar durante um ano (2016) a representação da Investigação Médica no Jornal de Notícias e Público. Dos resultados – numa lógica preliminar e exploratória – pretendemos inferir pistas sobre a) o alinhamento entre a agenda mediática nacional e as políticas europeias de saúde e b) a eficácia/ineficácia dos planos de comunicação que deveriam tornar os projetos e os resultados de investigação médico-científica que beneficiam de financiamento europeu mediaticamente expressivos.
Palavras-chave: investigação médica, jornalismo, fundos europeus