Faculdade de Letras da Universidade do Porto - OCS, MEDINFOR IV - A Medicina na Era da Informação

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EFICÁCIA COMUNICATIVA NA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE NA ERA DA SOBRECARGA INFORMATIVA
Inês Mendes Aroso

Última alteração: 2017-10-18

Resumo


Vários estudos na área da comunicação em saúde destacam a importância da comunicação na prática médica. Isto significa que a comunicação assume primordial importância no que respeita à ligação entre o médico e o paciente. Na verdade, a capacidade de comunicação do médico é apontada como sendo um fator decisivo para a confiança do paciente no clínico e consequente adesão às terapêuticas recomendadas.

Esta interação, tradicionalmente pautada pela ascendência do médico sobre o paciente, tem sido substituída por uma relação mais equilibrada dado que o cidadão comum está mais, mas nem sempre melhor, informado. No que concerne ao modelo tradicional de relação médico-paciente, em que o médico assume um papel preponderante, há vários investigadores que o criticam. Atualmente, o cidadão comum está cada vez mais dotado de informação sobre saúde, que recebe, de forma passiva ou ativa, através dos vários meios de comunicação social e da internet. Em relação à internet, esta oferece a especificidade de propor uma variedade enorme de fontes e tipos de informação relacionada com a saúde, mas esta comunicação não está isenta de riscos, pois o cidadão não detém, normalmente, os conhecimentos necessários para assegurar a veracidade das informações veiculadas. Há alterações na relação médico-paciente produzidas pelo maior conhecimento sobre saúde por parte do cidadão comum, sendo vários os investigadores que a assinalam.

Esta investigação pretende perceber quais os principais fatores relacionados com a eficácia comunicativa na relação médico-paciente na atualidade. Para tal, teremos dois objetivos específicos. Um deles é descobrir quais são as perceções dos cidadãos sobre a importância da comunicação interpessoal na relação médico-doente. O outro objetivo é aferir o impacto da informação veiculada pela internet e pelos meios de comunicação social nesta relação do paciente com o médico.

Para atingir estes objetivos, iremos utilizaremos dois métodos. Em primeiro lugar, aplicaremos um inquérito junto de uma amostra por conveniência que permita descobrir as principais visões dos indivíduos sobre o impacto da comunicação na interação com os médicos, bem como a utilização que fazem da informação veiculada pelos meios de comunicação social e internet. Seguidamente, realizaremos um estudo experimental que nos permita testar, num grupo selecionado por conveniência, algumas das hipóteses que se nos coloquem os resultados dos inquéritos.

Este estudo parece-nos muito pertinente, pois embora seja considerada um aspeto fundamental da educação médica, a comunicação é, no entanto, uma área frequentemente difícil de integrar nos programas médicos. Consequentemente, existem várias dificuldades na comunicação interpessoal entre o médico e os pacientes. Além disso, apesar de termos cidadãos mais informados sobre saúde, o que resulta numa relação médico-paciente mais equilibrada, isto nem sempre significa uma comunicação mais eficaz entre ambos. Por outro lado, os media que, idealmente, fazem parte desta cadeia informativa como intermediários ou facilitadores da relação médico-doente, nem sempre cumprem este papel.

Os media tradicionais e a internet intervêm na relação médico-doente, mas não podem nem devem ocupar o lugar do médico. Em suma, a relação médico-doente já não se baseia apenas na interação entre o paciente e o profissional de saúde. Tanto o médico como o paciente têm múltiplos contactos com os media, tecnologias e internet, relacionados com questões de saúde, e isto altera inexoravelmente, a relação entre ambos. Assim, preconiza-se uma dialética entre médicos, pacientes e media, que possa contribuir para uma maior eficácia comunicativa.

Palavras-chave: Comunicação médica; eficácia comunicativa; relação médico-paciente.