Última alteração: 2017-10-18
Resumo
Nos últimos anos, assiste-se a uma revolução digital, o que é visível em diversos aspetos do quotidiano dos cidadãos e se associa à melhoria das suas condições de vida e de trabalho. Nos dias de hoje, já é quase desnecessário sair de casa para resolver uma boa parte das questões burocráticas da vida dos indivíduos, para usufruir de serviços de divertimento, para trabalhar e conversar, já que os recursos digitais, como o computador e a internet, tal permitem. De acesso fácil, rápido e barato, o mundo digital é caracterizado pela permanente mudança de paradigmas informacionais: ultrapassado o ambiente estático da entrega de conteúdos da web 1.0, vive-se o ambiente participativo da criação e partilha da web 2.0 e avizinha-se o ambiente dinâmico das plataformas móveis e do mundo virtual, a web 3.0.
Os recursos digitais vieram trazer consideráveis mais-valias e ampliar as capacidades do ser humano, especialmente as associadas à informação e ao conhecimento. À semelhança de tantos outros domínios sociais, a área da saúde não ficou imune a esta revolução. A evolução dos recursos digitais trouxe alterações à forma de acesso, produção, tratamento e difusão da informação sobre saúde e doença. Se tal ocorreu com investigadores e profissionais da saúde, acredita-se que o ambiente digital tenha afetado igualmente as práticas informacionais do cidadão comum, em face de uma doença (sua ou de alguém próximo) e sobre a qual pretende obter informação científica e alargar conhecimento.
Assim, tem-se como objetivo verificar se as instituições na área da saúde estão a aproveitar os atuais recursos tecnológicos da web 2.0, para fazer chegar o conhecimento científico ao público em geral, desta forma acompanhando as práticas e respondendo às necessidades informacionais do cidadão comum, que procura informação sobre uma doença. Para tal, aborda-se alguma literatura relativa aos paradigmas informacionais do mundo digital e realiza-se um estudo de caso a instituições hospitalares do domínio oncológico (IPO – Porto, Coimbra e Lisboa), com verificação da sua presença oficial na internet (plataformas utilizadas) e análise quantitativa e qualitativa da informação científica divulgada, em especial a destinada ao cidadão comum.
Os resultados mostram que as informações científicas veiculadas nas páginas web das instituições em estudo são parcas, nem sempre disponíveis e que se destinam tanto a profissionais da área como ao público em geral, neste caso apenas através de guias ou folhetos informativos. No entanto, estes documentos não são direcionados pelos diferentes tipos de cancro, situando-se em aspetos transversais. A plataforma Facebook parece ser utilizada como veículo noticioso e não proporciona informação científica a potenciais interessados. Conclui-se, portanto, que as instituições em estudo não estão a aproveitar os atuais recursos tecnológicos da web 2.0 para fazer chegar o conhecimento científico ao público em geral, uma vez que não promovem a interatividade e não respondem às práticas e necessidades informacionais do cidadão comum.
Este estudo encontra limitações no período temporal e no número de instituições em análise, porém considera-se que constitui um alerta importante às instituições de saúde que pretendam melhorar a eficácia e a adequação dos canais de comunicação com o público em geral e divulgar informação científica do cidadão comum.
Palavras-Chave: Paradigmas informacionais; Informação científica; Oncologia