Faculdade de Letras da Universidade do Porto - OCS, MEDINFOR IV - A Medicina na Era da Informação

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As TIC na resposta ao Acidente Vascular Cerebral
Ana Isabel Veloso, Tania Ribeiro

Última alteração: 2017-09-26

Resumo


A incidência do Acidente Vascular Cerebral (AVC) varia entre os diferentes países europeus,  estimando-se entre 100 a 200 novos casos por cada 100.000 habitantes a cada ano, (Truelsen, Ekman, & Boysen, 2005), sendo um tópico atual, tem preocupado diversos agentes da sociedade, desde profissionais de saúde, investigadores e governos, por se traduzir em elevados custos humanos e económicos (Truelsen et al., 2005).

A preocupação por esta enfermidade justifica-se uma vez que o AVC constitui atualmente um dos problemas de saúde mais comuns e uma das principais causas de morbilidade e mortalidade a nível global ocorrendo predominantemente em indivíduos com idade superior a 55 anos (Epstein, Mason, & Manca, 2008; WHO, 2011; Truelsen et al., 2005).

Com o objetivo de uma recuperação efetiva, os doentes são encaminhados para apoio médico especializado, em particular, apoio fisioterapêutico, terapia ocupacional, terapia de fala e em alguns casos oftalmologia (Veerbeek et al., 2014). Apesar de ajudar os pacientes, as sessões de terapia disponibilizadas que estes doentes frequentam nem sempre se revelam suficientes para uma recuperação efetiva da condição física. Por exemplo, para uma completa recuperação motora de um doente vítima de AVC, são aconselhadas cerca de 3000 a 4000 repetições de movimentos por sessão de terapia, no entanto, a média atingida por sessão é cerca de 32 repetições por cada movimento introduzido (Kleim, Barbay, & Nudo, 1998). De forma a colmatar a falta de tempo na terapia em contexto hospitalar, os profissionais de saúde recomendam a execução de exercícios diários em contexto doméstico. No entanto, e devido ao facto de existir falta de motivação e feedback, o doente acaba por exercitar menos do que é recomendado para uma recuperação efetiva do sistema corporal físico e psicológico. É de salientar que muitas vezes os exercícios recomendados têm um caráter monótono pois incluem a execução de tarefas domésticas, que incluem simular ações de limpeza, atividades que podem não ser apetecíveis (Deutsch et al., 2015; Bur et al., 2010).

O aparecimento e a consequente massificação das tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), assim como a convergência dos média, verificada na convergência da informática com a telemática vieram permitir e facilitar a comunicação e interação entre indivíduos à distância. As características destas tecnologias têm impacto em quase todas as áreas da sociedade, pelo que as mudanças nos serviços, em particular nos serviços de cuidados de saúde, não devem pôr de parte as vantagens que as TIC nos podem oferecer.

Assim sendo, a questão que se coloca é se os sistemas de saúde, em particular, os sistemas de alerta e de apoio ao tratamento do AVC podem beneficiar das novas tecnologias de comunicação e informação.