Faculdade de Letras da Universidade do Porto - OCS, MEDINFOR VI - A Medicina na Era da Informação

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O PAPEL DOS REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS NA COMUNICAÇÃO EM SAÚDE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Jailma Cruz, Magali Alves, Luciana Souza

Última alteração: 2025-04-10

Resumo


Introdução: Este estudo enfoca a acessibilidade comunicacional de uma comunidade de um repositório institucional na comunicação em saúde para pessoas com deficiência visual. O desenvolvimento desta pesquisa justifica-se pelo crescimento do número de alunos com deficiência visual, matriculados nas Instituições de Ensino Superior (IES), públicas e privadas brasileiras. Segundo dados do Censo do Ensino Superior (CENSUP), em 2021 existiam 23.972 alunos inscritos em cursos de graduação com baixa visão, cegueira ou surdo-cegueira. Assim, é necessário analisar se os repositórios institucionais têm criado mecanismos que garantam aos usuários com deficiência visual equidade no acesso e uso da informação, atendendo as necessidades educacionais específicas deste público. A comunicação científica passou por diversas mudanças nas últimas décadas (CÔRTEZ,2006), quando observamos o desenvolvimento e crescimento global das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), a exemplo de repositórios institucionais, bibliotecas digitais, banco de dados e outros, instituíram a democratização do acesso ao conhecimento e novas formas de aprendizagem em diferentes interfaces no ambiente acadêmico. As divulgações dos dados científicos apoiadas pela TDIC nos repositórios institucionais são principais veículos de comunicação e suporte informacional que as universidades dispõem para ampliar a visibilidade da sua produção intelectual. Os repositórios que podem ser institucionais ou temáticos facilitam a troca de informações nas pesquisas e propiciam resultados científicos mais consistentes, eficientes e democráticos.

Objetivo: Analisar a acessibilidade comunicacional da comunidade do Instituto de Saúde Coletiva (ISC), no Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI-UFBA), ou seja, como se dá a disponibilização de dados científicos em saúde para pessoas com deficiência visual nesta comunidade. As pessoas têm necessidades específicas e distintas, ao tratar das pessoas com deficiência visual que possuem uma condição sensorial na qual ocorre a perda total ou parcial da visão, que afeta capacidade de distinguir diferentes graus de luminosidade e a percepção das cores, e reduz a capacidade de distinguir figuras e as formas dos objetos (LEME, 2003). Portanto necessitam que as informações estejam acessíveis “sem barreiras comunicacionais” independentes do suporte em que sejam disponibilizadas favorecendo que essas pessoas usufruam genuinamente de um ambiente educacional inclusivo. De acordo com Sassaki (1997, p. 42), a inclusão refere-se ao “processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir as pessoas com deficiência e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade”.

Método: Quanto ao procedimento metodológico, o estudo propõe uma abordagem qualitativa, e quanto ao tipo de estudo, é empregada uma revisão bibliográfica, por meio da qual são formuladas algumas hipóteses teóricas sobre o tema, caracterizando-o como um estudo interpretativo e descritivo, no qual procura descrever a realidade encontrada. Os instrumentos de coleta de dados foram inicialmente o mapeamento do site do (RI-UFBA) e no segundo momento, selecionamos a comunidade do ISC, justamente por ser fundamentada na interdisciplinaridade e pela produção de um conhecimento ampliado na área de saúde com práticas direcionadas prioritariamente para a sua promoção, prevenção e cuidado objetivando a qualidade de vida da população (NUNES, 1999; PAIM; ALMEIDA FILHO, 1998; VIEIRA-DA-SILVA; PAIM;
SCHRAIBER, 2014). Como objeto de estudo destacamos as pessoas com deficiência visual uma vez que pretende analisar e quantificar os critérios da acessibilidade comunicacional da comunidade do ISC no RI-UFBA. No qual recorreu ao validador automático AccessMonitor versão 2.1, que segue como padrão as normas Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) 2.0 da World Wide Web Consortium (W3C), para avaliar as condições de acessibilidade do website desta comunidade. Essa ferramenta de avaliação de acessibilidade da Web é software de serviços online que ajuda a determinar se o conteúdo da Web atende às diretrizes de acessibilidade.

Resultados: A presente pesquisa revela que na avaliação do repositório obteve a nota 8.2, com 29 práticas encontradas, dentre elas 17 aceitáveis, 06 para ver manualmente e 06 não aceitáveis. Os resultados apresentados sinalizam positivamente para a acessibilidade comunicacional na comunidade do ISC no RI-UFBA. Verificamos que alguns elementos de acessibilidade como as teclas de atalhos estão presente na página atendendo parte das exigências do Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico (eMAG) e implementadas ao DSpace 1 pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), porém ainda existem aspectos que precisam ser contemplados no sentido de tornar o repositório acessível para pessoas com deficiência visual. Compreendemos a importância de adoção de políticas institucionais que favoreçam a democratização do acesso ao conhecimento científico.

Possíveis Considerações: Diante do exposto, entende-se que o princípio norteador da acessibilidade é a universalidade, isto é, o acesso ao conhecimento científico e tecnológico tem que ser garantido para qualquer pessoa de modo que ela possa exercer os seus direitos, conforme consta na Constituição Federal. Portanto, compreendemos que se faz necessário focar na melhoria e adoção de algumas práticas essenciais para promover a acessibilidade e a inclusão da pessoa com deficiência visual com ênfase nos princípios da igualdade, equidade, justiça social e respeito às diferenças.