Faculdade de Letras da Universidade do Porto - OCS, MEDINFOR VI - A Medicina na Era da Informação

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PLATAFORMA CENTRAL CORONA E SEU IMPACTO NA GESTÃO DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE E TELE ATENDIMENTOS DE PACIENTES NA PANDEMIA DE COVID-19.
Pedro Augusto de Lima Barroso, Filipe Carlos Eudes Pinto, Gabrielly Maria Mendes de Barros, Heloísa Moreira Estrela Diniz, Maria Manuela Pinto, Caio Menezes Furtado, Fernando Paulo Carrilho Milanez Neto, MOISES FILIPE RODRGUES LIMA ALVES CHAVES, ELISABETE LOUISE DE MEDEIROS VIEGAS

Última alteração: 2025-04-10

Resumo


Introdução: Os estudos no âmbito da Pandemia COVID-19 têm destacado a importância da preparação digital dos países e o papel das políticas para o seu fortalecimento e resiliência a um choque pandémico.A OCDE (2020, 2021) destaca o aumento das plataformas digitais mas identifica o facto de ter sido altamente heterogéneo entre áreas de atividade e países, referindo que países com níveis mais altos de desenvolvimento económico e tecnológico e mais fácil acesso à infraestrutura e conectividade, bem como mais habilidades digitais e um uso mais amplo da Internet, tenderem a usufruir de um maior uso das ferramentas online de acesso a mercados e a compensar os efeitos negativos do COVID sobre a produção e o emprego. Neste contexto, a gestão da informação tem a oportunidade de liderar e contribuir para investigação pós-COVID-19 com impacto em muitas áreas. Objetivo: Descreve-se no presente trabalho o processo de criação da Plataforma Central Corona (PCtC), que se enquadra na categoria de produto de intervenção tecnológica e infocomunicacional com um relevante desempenho para o combate à pandemia do coronavírus. Os benefícios desta plataforma para a sociedade incluem a ampliação da atenção básica, a prestação de serviços de saúde em áreas remotas, a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças, entre outros. Metodologia: A plataforma desenvolvida resulta de uma abordagem interdisciplinar e transversal de intervenção, envolvendo a Medicina, a Ciência da Informação, os Sistemas de Informação, o Marketing, entre outras áreas. Partiu-se de uma análise exploratória qualitativa da organização e comunidades envolvidas, seguindo-se a especificação, desenvolvimento, experimentação e validação de um protótipo. Trata-se de uma plataforma digital que se enquadra na categoria de produto de intervenção que cumpre um papel importante para a contenção da pandemia pelo coronavírus. Resultados: A motivação desta pesquisa foi a possibilidade de realizar uma ação emergencial que tivesse um impacto social importante na saúde das pessoas. Para os médicos voluntários trouxe a possibilidade de continuar a trabalhar de maneira remota, especialmente os afastados por integrarem um grupo de risco e que tiveram, assim, uma oportunidade de contribuir de maneira ativa para a contenção da pandemia. De acordo com o documento Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2020-2028 (MS, 2020), quando se trata de promover a telessaúde e os serviços digitais tem-se em mente a operacionalização de informação colhida em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e para que isso aconteça de maneira eficiente é necessário que haja uma normalização da informação e, dessa forma, permitir linguagens equivalentes, ainda que entre diferentes sistemas de informação em saúde, além da definição de regras e limites de compartilhamento entre os atores envolvidos. A PCtC constituiu um site desenvolvido em meados de março de 2020 que tinha como objetivo facilitar o acesso a cuidados disponibilizados por médicos voluntários a usuários espalhados por todo o território brasileiro. Os atores envolvidos na plataforma foram nove médicos da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Sul, que estavam cadastrados como voluntários da plataforma. Os médicos que participaram efetivamente da Plataforma Central Corona foram aqueles que quiseram voluntariamente atuar como voluntários mediante acesso a uma área específica do site para fazer o cadastro. A validação do cadastro médico efetuava-se através da conferência dos dados enviados pelo médico interessado na base de dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), onde foi possível verificar se o CRM estava ativo e se a identidade do médico era legítima. Para análise do planeamento e operacionalização da PCtC foram utilizados dados anonimizados registados no banco de dados da PCtC, a saber: quantidade de médicos vinculados, usuários atendidos, locais de onde os médicos estão prestando atendimentos, locais de residência dos usuários. Além dos médicos, de um gestor da informação (agora também estudante de medicina), estiveram envolvidos programadores e desenvolvedores para a criação e manutenção da plataforma. Uma equipe de marketing procurou engajar mais médicos voluntários e melhorar a disseminação da plataforma, para aumentar o seu alcance entre os usuários com necessidade de informação. Sobre os usuários, passaram a utilizar a plataforma a partir da própria realidade durante a Pandemia de Covid-19. Os critérios de inclusão foram pacientes com sintomas de covid-19 interessados em teleconsultas e informação através do acesso ao médico. O critério de exclusão dos pacientes foi a falta de habilidade no manuseio da plataforma. A Plataforma que aqui se apresenta mostrou ter servido para resolver dificuldades durante a pandemia de COVID-19 e demandas atuais da saúde. A grande extensão territorial do Brasil e a população de 200 milhões de habitantes fazem com que gestores pensem sobre uma maneira de implantar um programa de telemedicina que seja público, no âmbito do SUS e que seja universal, integral e igualitário. Há, ainda, no Brasil, comunidades ribeirinhas, locais isolados e de difícil acesso onde os serviços de saúde são necessários, porém escassos. A distribuição desigual de recursos médicos pode direcionar o potencial criativo dessa plataforma de telemedicina, configurando-se em um aparato regulatório em desenvolvimento em. Saúde. Conclusões: A telemedicina através do uso dessa plataforma, foi capaz de promover uma maior integração do sistema de saúde, superando a fragmentação que existe no sistema de saúde brasileiro vigente, com luz à saúde integral. Considerando a viabilidade económica da plataforma, podemos identificá-la como uma estratégia poderosa de inovação, revelando potencial de avanços tecnológicos para várias outras áreas, como tecnologias de informação, telecomunicações e outras, devido ao caráter multidisciplinar e possuindo relações dinâmicas para profissionais como odontologistas, prestadores de serviços, fornecedores de equipamentos e infraestrutura, entre outros. Com o término das atividades da plataforma, é possível fazer uma análise retrospetiva e concluir que a Central Corona cumpriu seu objetivo social, proporcionando atendimento médico seguro e eficiente para qualquer pessoa que precisasse, sem colocar em risco o paciente ou seus familiares.

Referências

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