Faculdade de Letras da Universidade do Porto - OCS, MEDINFOR VI - A Medicina na Era da Informação

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FONTES DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE UTILIZADAS PELOS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: ESTUDO TRANSVERSAL EM UMA UNIVERSIDADE BRASILEIRA
Vanessa Prado Santos, Maria Thereza Ávila Dantas Coelho, Nivaldo Moreira Rodrigues Júnior, Neima Prado dos Santos

Última alteração: 2023-08-16

Resumo


Contexto: A investigação fundamenta-se na crescente disponibilização de informações sobre saúde nos diversos meios de comunicação, e no potencial da informação sobre saúde para a modificação dos riscos e vulnerabilidades.

Objetivos: O objetivo do estudo consiste em encontrar quais as fontes de informação sobre saúde são mais procuradas pelos estudantes universitários, e ainda se existe uma associação entre a idade e o gênero e a busca pelas diferentes fontes de informação sobre saúde.

Métodos: Foi realizado um estudo transversal, observacional, entre estudantes de um curso graduação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Este estudo faz parte de um projeto de pesquisa que analisa as concepções e práticas de saúde e doença entre estudantes universitários. Nesta etapa, investigamos as fontes de informação, sobre saúde, utilizadas por estudantes de um curso de graduação em saúde da UFBA. Foram incluídos na amostra os estudantes ingressos no curso nos anos de 2017 a 2019, através do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), e que compareceram às duas primeiras semanas de aula, ou seja, recém-ingressos na Universidade, e que aceitaram participar do estudo através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para a realização do estudo, foi elaborado e aplicado, pela equipe da pesquisa, um questionário semi-estruturado com questões a respeito das fontes de informação em saúde. As fontes de informação descritas no questionário foram: internet, livros, revistas científicas e/ou especializadas, revistas não especializadas, televisão, profissionais e/ou serviços de saúde e família. Havendo, para adicionar livremente, outras fontes de informação. Existiam duas possibilidades de respostas para as fontes de informação: sim (S) ou não (N). O questionário continha perguntas sócio-demográficas com informações sobre os participantes, como idade e gênero. Foram incluídos na amostra 518 estudantes universitários. A análise estatística foi realizada no programa EPI-INFO 2005. Foram calculadas as freqüências e a médias, na análise descritiva, para as características da amostra e as respostas sobre as fontes de informação em saúde. Para a análise comparativa da associação entre a variável categórica (gênero) e as fontes de informação em saúde foi utilizado o Teste do Qui-Quadrado. Para a análise comparativa da variável contínua (idade) e as fontes de informação em saúde foi utilizada a Análise de variância (ANOVA). Foi considerado estatisticamente significante um valor de p menor ou igual a 0,05. A pesquisa foi conduzida conforme as diretrizes e normas reguladoras de pesquisas envolvendo seres humanos, da Resolução 196/96, posteriormente substituídas pela Resolução 466/12, e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, através dos Pareceres 741.187/2014 e 2.349.850/2017.

Resultados: Entre os 518 universitários incluídos na amostra, a média de idade foi de 21,02 anos (±4,4) anos, sendo 166 (32)% homens e 352 (68%) mulheres. Em relação às fontes de informação sobre saúde, consultadas pelos estudantes, 492 (95%) responderam que sim, utilizavam a internet, 486 (94%) os profissionais e/ou serviços de saúde, 389 (75%) os livros, 339 (65%) consultavam a família, 315 (61%) a televisão, 270 (52%) as revistas científicas e/ou especializadas, 123 (24%) as revistas não especializadas. A internet foi a fonte de informação que mais obteve resposta positiva entre os estudantes. Apenas 26 (5%) estudantes  responderam que não utilizavam a internet como fonte de informação sobre saúde). Não houve diferença significativa na média de idade dos estudantes que utilizavam ou não a internet como fonte de informação em saúde (p=0,84). A média de idade dos estudantes que referiram não utilizar a internet, como fonte de informação em saúde, foi de 20,85 (±5,04) anos, enquanto a média dos que utilizavam foi de 21,03 (±4,43) anos. Também não houve diferença significativa entre os gêneros e a utilização da internet como fonte de informação em saúde (p=0,08). Cento e sessenta e um homens (97%) e 331 (94%) mulheres responderam que sim, utilizavam a internet como fonte de informação em saúde.  Os profissionais e/ou serviços de saúde também foram uma fonte de informação em saúde com elevada porcentagem de respostas afirmativas (94%), entre os estudantes que participaram da pesquisa. Noventa e cinco por cento das mulheres (334) e 92% dos homens (152) responderam afirmativamente sobre esta fonte de informação em saúde, sem diferença significante (p=0,08). Quanto à idade, também não houve diferença estatística. Quanto à busca por informações sobre saúde com a família, apesar da diferença não ter atingido significância estatística (p=0,07), as mulheres 238/68%) responderam mais frequentemente que buscavam informações nesta fonte que os homens (101/61%). As revistas científicas ou especializadas foram buscadas, como fonte de informação em saúde, por cerca de metade da amostra (52%). Esse percentual também não diferiu significativamente (p=0,39) entre homens (85/51%) e mulheres (185/53%). Já quanto à média de idade, ela foi significativamente maior (p=0,04) entre os que responderam que buscavam informações sobre saúde nas revistas científicas e/ou especializadas (21,44 ± 4,7 versus 20,57 ± 4,1 anos). As fontes de informação sobre saúde menos utilizadas entre os jovens universitários foram revistas não especializadas, com menos de um quarto (24%) da amostra. Não houve diferença entre os gêneros e a busca por informações em revistas não especializadas (p=0,38), mas a média de idade dos estudantes que utilizam essa fonte de informação (22,15 ± 5,0 anos) foi significativamente maior (p=0,003), quando comparada à média de idade dos estudantes que não citaram esta fonte de informação (20,68 ± 4,2 anos).

Conclusões: A maioria dos estudantes universitários utiliza a internet como fonte de informação sobre saúde. O estudo sinaliza a importância da discussão acerca das questões relacionadas à qualidade e a confiabilidade da informação em saúde disponibilizada através da internet.