Faculdade de Letras da Universidade do Porto - OCS, MEDINFOR VI - A Medicina na Era da Informação

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A informação em saúde e o autocuidado: a importância da valorização da saúde pelos indivíduos para os sistemas nacionais
Margarete Farias de Moraes, Dante Augusto Galeffi, Francisco José Aragão Pedroza Cunha

Última alteração: 2023-08-14

Resumo


O objetivo desta comunicação é o de apresentar os resultados de um estudo que identificou os valores e crenças sobre saúde para a promoção e prevenção da saúde no âmbito dos sistemas nacionais. Os bancos de dados públicos, como o do IBGE/Brasil e da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da OMS, revelaram que no ano de 2012, 26,5% de todos os casos de câncer (114.497 casos) e 33,6% de todas as mortes por câncer no Brasil (63.371 mortes), poderiam ter sido evitadas com mudança do estilo de vida dos brasileiros (REZENDE et al, 2017, p.148). A partir destes percentuais, como os agentes públicos e privados podem contribuir para melhorar a saúde da população, garantindo a ela acesso democrático e efetividade ao cuidado? Nesta pesquisa, planejar ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, é uma alternativa como mais satisfatória do ponto de vista social e econômico. A difusão da informação e do conhecimento em saúde propicia aos indivíduos melhorarem o estilo de vida e adquirirem hábitos mais saudáveis, como a importância da atividade física, de uma dieta balanceada, da administração do estresse, de pararem de fumar e de diminuírem a ingesta de álcool. Assim questiona-se: quais são os valores e crenças pessoais sobre saúde que influenciam a efetividade das intervenções de difusão de informação e conhecimento em saúde? Para compreensão de como estas crenças e valores são produzidas, defende-se o conceito de homeostase apresentado por Damásio (2018), que incluiu a história da cultura humana no contexto biológico natural, dando uma maior dimensão da homeostase no desenvolvimento biológico e cultural humano. As crenças e valores são compreendidos como sinônimos de verdades pessoais, crenças culturais, modelos mentais, conceitos pessoais, verdades mentais, entre outros. Não se pretende diferenciar crenças e valores pessoais, com as coletivas ou culturais, pois ambas se processam no âmbito mental dos indivíduos, inclusive nem os humanos possuem clareza da distinção entre as duas, tamanha interação entre a construção da individualidade com as relações sociais e o meio. O que importou para caracterizar o conceito de crenças e valores foi o impacto delas no comportamento, ou na motivação de mudá-los e sustentá-los, independente se absorvido socialmente ou produzido exclusivamente pela mente dos indivíduos. Este estudo é parte de uma pesquisa pós-doutoral e está enquadrada como aplicada, pois tem o propósito de gerar conhecimento que possa ser empregado nas instâncias de saúde que estejam envolvidas com ações de promoção e  prevenção à saúde dos sistemas nacionais. Caracteriza-se como exploratória, pois mapeia fenômeno de correlação de certos aspectos do perfil cognitivo, com o comportamento de saúde de determinada população; de abordagem quali-quantitativa pela natureza do levantamento de informações no campo empírico e do perfil da amostra; utiliza-se a estatística descritiva para a análise das informações levantadas por meio de um formulário eletrônico nos meses de novembro e dezembro de 2018 entre usuários das redes sociais (Facebook e Linkedin). As pessoas, de forma anônima puderam responder livremente à pergunta: “O que significa ter saúde ou ser saudável para você?”. Como as respostas sobre a pergunta foram de texto livre, foi necessário destacar conceitos, termos e expressões que constavam nas respostas, que foram contabilizados, agrupados e classificados. Com a análise dos conceitos prevalentes, foi estabelecida uma classificação. Foram definidos conceitos de alta, média e baixa expectativa.Os conceitos de saúde classificados como de alta expectativa são os conceitos mais positivos e que extrapolam a saúde e os serviços de saúde em si, indicando certo protagonismo do indivíduo. Os de média expectativa foram aqueles relacionados à manutenção da saúde e os de baixa expectativa, os relacionados aos efeitos diretos da doença, como tratamentos, sintomas, etc. Neste estudo, a difusão é a sistematização da distribuição irrestrita de informação e conhecimento entre comunidades científicas e não científicas, enfraquecendo barreiras, sejam elas quais forem, para que informações e conhecimentos possam ser compartilhados direta e indiretamente aos indivíduos que necessitam (FRÓES BURNHAM, 2016).  Os resultados encontrados levaram a identificação de 43 termos/conceitos/expressões, 23 corresponderam a 90% dos resultados,  a saber: 16,98% Bem-estar físico e mental; 9,91% Bom funcionamento do corpo e da mente; 9,43% Não estar doente; 8,96%  Disposição e energia; dentre outros. A partir desta identificação foi modelada uma matriz de  Classificação sobre  saúde - Alto, Médio e Baixo -  associando a Termo/conceitos/expressões  para  utilização  no planejamento das intervenções de difusão de informação e conhecimento em saúde. Para a classificação: alto - Bem-estar físico e mental, Qualidade de vida, Ser feliz; médio - Disposição e energia, Alimentação saudável, Praticar exercícios físicos, Taxas de saúde controladas, Bom funcionamento do corpo e da mente; Baixo - Não estar doente, Não sentir dor, Não usar remédios. Considera-se que os gestores e agentes dos sistemas nacionais  requeiram conhecimento sobre o autocuidado da população para a  valorização da saúde coletiva. Sugere-se que eles identifiquem primeiro as crenças e valores sobre saúde dos indivíduos alvo de intervenções de difusão de informações e conhecimento em saúde para um melhor planejamento destas intervenções, de forma a alcançar mais efetividade no autocuidado por parte dos indivíduos.

Palavras chaves: Valores e crenças. Saúde. Difusão da informação em saúde