Última alteração: 2023-08-14
Resumo
Recorrendo à análise de conteúdo dos textos noticiosos dos media, o presente artigo examina a representação mediática da evolução epidemiológica da pandemia da COVID-19, nomeadamente as ações desenvolvidas pelo Governo angolano e os seus parceiros no período que vai de março de 2020 à junho de 2021.
Neste artigo são revisadas as representações mediáticas das ações e dos acontecimentos iniciais, cuja finalidade era a prevenção e o combate da pandemia, numa altura em que, a doença era desconhecida. Ao longo do estudo foram, igualmente, revisados os procedimentos adotados pelo Governo angolano durante o processo de propagação geográfica da doença. No texto foram registadas as representações mediáticas das medidas impostas pelo Governo para prevenir a doença e combate-la ao longo do território nacional.
No contexto da análise presente, a questão de partida do estudo é a seguinte: Como é que foi feita a representação mediática da pandemia da COVID-19 em Angola pelo Jornal de Angola, Jornal o Pais e o Jornal de Negócios, considerando as medidas adotadas para prevenir e conter a propagação do coronavírus (SARS-CoV-2)?
Constitui objetivo deste estudo o seguinte: analisar a representação mediática da evolução da pandemia da COVID-19 em Angola. A análise tem, igualmente, como foco o estudo da representação mediática das ações e das medidas adotadas pelo Governo angolano para a prevenção e combate da pandemia da COVID-19 no país, tendo em linha de pensamento os principais fatos que tendiam à contenção da propagação da doença a nível do território nacional. Nesta perspetiva a investigação é indutivo-dedutiva e segue os estudos de Pinheiro e Barbosa, (2021); Espírito Santo (2006), cuja pesquisa é quantitativa e baseada numa abordagem indutivo-dedutiva, com procedimentos bibliográficos. Optou-se pela abordagem indutivo-dedutiva porque permite examinar teorias já existente, o que permite que se parta dela pra alcançar novos resultados (Bryman, 2012, pp. 24-26).
O presente estudo recorreu metodologicamente a uma abordagem quantitativa, na medida em que, socorreu-se da análise de conteúdo, numa perspetiva categorial. A analise de conteúdo foi a principal técnica de abordagem. Está técnica possibilitou a sistematização das temáticas abordadas pela imprensa. A recolha e o recorte dos textos noticiosos analisados foram feitos de forma manual, a partir dos sites dos jornais analisados.
Como resultado obteve-se um panorama restrito da representação mediática das ações e das medidas levadas a cabo pelo Governo angolano e as principais consequências da propagação do vírus SARS-CoV-2 na vida dos cidadãos angolanos. Os resultados demonstram, ainda, a existência de uma abordagem dos fatos de forma linear, porquanto, os jornais analisados em Angola, que são o Jornal de Angola e o Jornal o País publicaram, essencialmente, textos relacionados com temáticas sociais, desportivas e políticas. A relevância da análise aos textos do Jornal de Negócios, de Portugal deveu-se ao facto deste periódico ter publicado noticias sobre Angola relacionadas com as limitações económicas impostas pela COVID-19. Na generalidade, os jornais analisados publicaram informações relacionadas com a prevenção e o combate a pandemia da COVID-19, nas suas páginas, com títulos sugestivos e com pendor educativo, atribuindo a informação um posicionamento (publicação) prioritário, quase sempre como destaque na capa.
considera-se o estudo relevante, porquanto, aborda a representação da comunicação política sobre saúde, que é um campo suficientemente amplo para englobar todas as áreas nas quais a comunicação é relevante. Não se trata somente de promover a comunicação sobre saúde, mais compreender a relação entre as ações/medidas políticas do Governo angolano para travar a COVID-19 e o tratamento dado pelo Jornais de Angola, o País e de Negócios que visam difundir tais ações/medidas.
Como já fizemos referencia, as representações mediáticas das medidas políticas foram analisadas a partir das peças noticiosas veiculadas pelo Jornal de Angola, Jornal O País em Angola, jornais generalistas cujos textos foram, essencialmente, divulgados com conteúdos sobre política, sociedade e desporto, umas das áreas que tiveram maiores restrições e o Jornal dos Negócios em Portugal, que deu mais enfase as questões económicas, como os negócios, a banca e os recursos naturais, áreas em que se registaram maiores paralisações durante a pandemia.
A presente investigação esta ancorada nas teorias do agenda-seting de McCombs e Shaw (1972) e do priming de Ivengar e Kinder (1987). Optou-se por esta formulação pelo facto de o agenda-seting de McCombs e Shaw (1972), considerar que os media têm pouca influência na direção e na intensidade das atitudes dos indivíduos, no entanto, definem a pauta de cada campanha político-social, influenciando a saliência das atitudes dos cidadãos frente às questões da sociedade. Enquanto que o priming cujas bases fundamentais para o conceito foram lançadas em 1987 no livro News That Matters, de Shanto Iyengar e Donald Kinder. O priming refere-se as mudanças no padrão que as pessoas usam para fazer avaliações políticas. Ao avaliar o desempenho de um governante ou candidato a cargo público os cidadãos aplicam determinados padrões em esquemas de memória mais salientes que ganham destaque em função dos conteúdos e do formato da difusão dos conteúdos informativos dos media.
Esta abordagem parte do pressuposto que a comunicação política sobre saúde, tem sido uma preocupação que vem se repercutindo nos serviços prestados às populações. Segundo Coriolano-Marinus e outros (2014, p. 1357), muitas barreiras dificultam a comunicação, que gera significados relevantes tanto para o trabalhador de saúde como para os cidadãos, por isso são objeto de vários estudos, que abordam essa temática. Tais dificuldades decorrem de linguagens e saberes diferentes, nem sempre compartilhados entre os interlocutores devido a certos fatores como: limitações orgânicas do recetor ou emissor, imposição de valores e influência de mecanismos inconscientes.
Palavras-chaves: Representação Mediática, Pandemia, SARS-CoV-2, Imprensa e Angola