A convergência entre direitos humanos e acesso à informação vem sendo alvo dos interesses de pesquisa das ciências da comunicação e Informação, onde é consensual a compreensão de que a cidadania não se constrói apenas a partir do acesso material à informação, mas deve compreender também a capacidade de interpretação da realidade e de construção de significados pelos indivíduos. A UNESCO vem defendendo a educação para a informação como parte da formação de qualquer cidadão, em qualquer nação, no sentido de fomentar o direito à informação e à liberdade de expressão como instrumentos de construção e sustentação democrática. Porém para acompanhar o cenário tecnológico é necessário a compreensão e capacidade de interpretar e desenvolver habilidades do letramento informacional. Para Gasque (2010), o letramento informacional é o reconhecimento da necessidade de informação para a realização da busca, organização e uso. E para isso é necessário habilidades, competências para o comportamentos informacionais que direcionem as pessoas à reconhecerem suas necessidades informacionais, para assim gerar novos conhecimentos para socializar aquilo que foi apreendido. Essas habilidades infocomunicacionais têm sido apoiadas pelas novas tecnologias da informação e comunicação (BORGES, 2018). O início do século XXI foram marcados por grandes transformações que mudaram os setores sociais e o comportamento dos cidadãos. No novo contexto, saber escrever e ler, sem dominar a utilização das tecnologias de informação e comunicação (TIC), significa ser socialmente excluído. Assim, as TIC, implica exclusão social (MALEANE, 2013), uma vez que a maioria da informação e do conhecimento está relacionada através destas ferramentas. Mesmo nos países desenvolvidos, apesar das pessoas em geral terem condições sociais razoáveis, o acesso às TIC continua a ser condicionado por fatores relacionados com a localização geográfica, nível educacional, sexo, idade, identidade sexual e rendimentos. Se transferirmos este fato para países em desenvolvimento, em particular o Brasil, a economia, as infraestruturas e as políticas são ainda mais deficientes, isto reduz o acesso à informação e às TIC de forma muito mais ampla. Dessa forma, se os governos não se organizarem para garantir o acesso das pessoas às TIC o letramento digital a exclusão social aumentará automaticamente. Esta lacuna digital é exacerbada quando se intersecta com o gênero.  Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU é exemplo do combate dessa lacuna. Mas, apesar disto, as mulheres continuam a ser as mais excluídas na prática, uma circunstância à qual se acrescentam outros problemas, tais como a violência contra as mulheres, elevada mortalidade materna (Casimiro, 2014; Karberg, 2015). A Organização das Nações Unidas (ONU) através dos seus estudos indica que a desigualdade de gênero impacta na saúde das mulheres em relação a autonomia corporal e reprodutiva. E afirma que sem acesso à informação elas têm mais riscos de se envolverem em casamentos forçados e não são capazes de tomar suas próprias decisões sobre sexo. De acordo com os aspectos apresentados e para cumprir objetivos para Desenvolvimento Sustentável (ODS), especificamente da ODS 3 Saúde e Bem-estar e ODS 5  igualdade de Gênero, esta investigação em desenvolvimento tem como objetivo propor um modelo de letramento digital para mulheres adolescentes de comunidades periféricas do Estado da Bahia-Brasil, para reforçar o seu papel e a sua participação no desenvolvimento da sua comunidade. Os procedimentos metodológicos conferirão, com método de procedimento monográfico (estudo de caso), de nível descritivo e técnicas e instrumentos de coleta de dados pautados nos objetivos da investigação e referencial teórico. Os resultados e as considerações finais revelarão os contributos do letramento digital para minimizar as lacunas, desigualdade de gênero e de acesso a informação em saúde para o bem-estar das mulheres e adolescentes de comunidades periféricas.