Faculdade de Letras da Universidade do Porto - OCS, MEDINFOR VI - A Medicina na Era da Informação

Tamanho Fonte: 
O bibliotecário enquanto informacionista de pesquisa no Brasil
Janaina Costa Rodrigues, Michely Jabala Mamede Vogel

Última alteração: 2023-08-14

Resumo


Os bibliotecários continuamente vêm atuando em contexto não convencionais, entre eles a área da saúde e mais especificamente em equipes clínicas e laboratoriais. Tal atuação na área da saúde existe desde as primeiras bibliotecas médicas, contudo as responsabilidades e competências necessárias foram se modificando ao longo dos anos: conforme a transição das bibliotecas do sistema manual para o sistema informatizado; o aumento constante das publicações científicas na área da saúde, o que ocasionou o aumento da criticidade não apenas dos estudos publicados como também do processo de produção das evidências científicas. O bibliotecário atuante na área da saúde vive em um ambiente acelerado e de contínua produção científica e nesse âmbito. Os profissionais da saúde frequentemente precisam tomar decisões nas suas práticas clínicas e necessitam de informações de alta qualidade e de maneira eficaz. A informação está disponível, porém podem não ter tempo para encontrar as respostas às perguntas clínicas ou de habilidades para pesquisar e sintetizar as informações encontradas nas fontes de informação. Com os avanços na Medicina e das tecnologias médicas é possível diagnosticar em fases precoces as doenças, os tratamentos se tornaram menos evasivos, possibilitando o aumento da taxa de sobrevivência dos pacientes. Esses avanços também estimularam o crescimento da produção científica, tornando difícil ao profissional da saúde pesquisar informações relevantes, confiáveis e de qualidade oo mesmo tempo em que pacientes demandam informações clínicas. Nesse contexto, o bibliotecário fornece suporte aos pacientes, familiares e profissionais da saúde. Considerando que a área da saúde produz uma grande quantidade de dados todos os dias e para fornecer aos pacientes os melhores serviços e cuidados, as instituições de saúde começaram a usar big data para analisar, gerenciar, organizar e dar sentido a essa vasta quantidade de dados. Com o movimento open data (dados abertos) muitos financiadores e periódicos internacionais estão solicitando o compartilhamento de dados e a submissão de planos de gerenciamento de dados. Por isso a quantidade de dados de pesquisa disponíveis gratuitamente e publicamente continua a aumentar exponencialmente e os pesquisadores necessitam de assistência para aprender como acessar e utilizar esses conjuntos de dados. É nesse contexto que bibliotecários passam a atuar como informacionistas de pesquisa, ao colaborar com as equipes de pesquisa clínica com revisões sistemáticas de literatura, estabelecendo o ciclo de vida da pesquisa, como planejamento, coleta, gerenciamento, compartilhamento e publicação bem como  o gerenciamento, análise e preservação de dados de pesquisa. OBJETIVO: apresentar o perfil informacionista de pesquisa, seu conceito, espaço de trabalho e atividades desempenhadas. MÉTODOS: A pesquisa se caracteriza como sendo um estudo exploratório e descritivo, quanto aos procedimentos técnicos, adotamos a pesquisa bibliográfica. PRINCIPAIS RESULTADOS: os achados na literatura foi que sua definição quanto ao seu afazer foi mencionada em 2003,  quando a National Library Medicine (NLM) anunciou o financiamento de uma bolsa para treinar profissionais da informação chamados informacionistas. Na solicitação de propostas a NLM definiu quatro tipos diferentes de papéis informacionistas e dentre elas a definição que Federer  passou a utilizar, em 2013 e 2014, para o perfil informacionista de pesquisa, que seria para trabalhar em pesquisa biomédica, administração de pesquisa ou curadoria científica. Posteriormente, em 2011, o afazer do informacionista de pesquisa foi mencionado em um anúncio publicado pela NLM sobre uma oportunidade de financiamento, “NLM Administrative Supplements for Informationist Services in NIH-finad Research Projects”, para atuação de informacionistas nas equipes de pesquisa, cujo objetivo era fornecer fundos para bolsas de pesquisa e centros premiados, com o propósito de aprimorar o armazenamento, organização, gerenciamento e uso de dados eletrônicos de pesquisa por meio do envolvimento de informacionistas e verificar o impacto desses profissionais nas equipes. Desse modo, oito equipes de pesquisa clínica, em 2012, foram contempladas com a inserção de um profissional da informação. A atuação do informacionistas de pesquisa está diretamente ligada ao ciclo de vida da pesquisa, que perpassa: Planejar e projetar: planejamento dos processos desde a integração até o encerramento do projeto e recursos de dados; Coletar e criar: organização e integração de conjuntos de dados e processos de coletas; Analisar e colaborar: o processamento e análise de dados devem ser colaborativos e documentados; Armazenar e gerenciar: cada estágio e análise de dados devem ser colaborador e documentados; Avaliar e arquivar: identificar registros de pesquisa essenciais e avaliar para retenção; Compartilhar e disseminar: estabelecer e apoiar o alcance e o impacto de seus dados; Publicar e reutilizar: garantir a ampla utilidade de seus esforços de dados de pesquisa para outros pesquisadores. Cabe ressaltar que em cada uma dessas etapas se faz necessário gerenciar os dados de pesquisa. No âmbito internacional, a atuação do informacionistas de pesquisa nas equipes de pesquisa em saúde já é uma realidade desde 2012, porém no Brasil, o termo informacionista de pesquisa ainda é pouco conhecido, mas seus afazeres não. No campo das práticas, temos bibliotecários atuantes na área da saúde que trabalham diretamente com revisões sistemáticas de literatura, como exemplo temos a bibliotecária Daniele Marsterson que é coautora na produção do conhecimento em Odontologia. CONCLUSÕES: no Brasil o termo informacionista de pesquisa é pouco conhecido, porém suas atividades são exercidas com sua colaboração em revisões sistemáticas de literatura, prestando serviços instrucionais a partir de cursos, desenvolvendo metodologias de pesquisa, gerenciando dados de pesquisa, entre outros. Então, assim como a bibliotecária Daniele, temos outros bibliotecários dando suporte à pesquisa em saúde colaborando no ciclo de vida da pesquisa e dados de pesquisa, desse modo, este estudo é um indicativo de tendência em relação essa atuação.